domingo, 16 de novembro de 2014

Não importa como, mas você cresce.

Um dia fui uma pessoa tão indefesa. Eu não sabia responder a um ataque. Sempre fui obesa e não sabia mesmo me defender.  Já sofri preconceitos em todos os tipos de lugares. Já me jogaram folhas quando eu estava no ponto de ônibus. 

Em um determinado momento achava até que eu merecia certos tipos de ataques, ofensas e coisas do tipo, afinal EU ERA PRETA E GORDA e as pessoas não eram obrigadas a me aceitar, a me tratar bem, pelo meu tom de pele, pelo meu peso.

Aos dezesseis muita coisa mudou, fiquei impetuosa, então não engolia sapo e isso foi um problema, pois não podia ouvir nada que rebatia, contudo, algumas pessoas que faziam parte do meu cotidiano ainda faziam isso. Me humilhavam, me vilipendiavam, mas minha irmã Fernanda sempre me defendeu na escola, me chamavam de feia, de gorda e ela estava lá para agir como irmã e defender mesmo.

Depois que cresci virei aqueles cachorrinhos de camelô, aqueles que dizem sim para tudo... Sabe? Então, para ser aceita descobri uma fabulosa fórmula: Ser disponível a quaisquer programas impostas. E não podia dizer não aos convites, pois na minha cabeça, que dizia: se disser não, você vai parar de ser convidada.

Já fui para shows sem vontade, cinema sem querer assistir aquele filme e outras coisas, porém não era culpa dessas pessoas e sim minha, estava na minha mão dizer sim ou não e eu sempre dizia sim.

Eu cresci, estudei e melhorei meus argumentos (que tenho muito que ler para argumentar de forma justa), melhorar meus argumentos, ser menos agressiva. Só que quando alguns seguem uma conversa em tom mais acalorado, você também se sente no direito de ficar no mesmo tom e é extremamente difícil ficar calado quando há injustiça contra mim, ou contra qualquer outra pessoa.

O Objetivo deste pequeno texto é dizer que hoje as pessoas se assustam comigo, se fazem de vítima, pois além de ser impetuosa, eu sou também o tipo de pessoa que não aceita de julgamentos antecipados e era conveniente para essas pessoas que eu continuasse a ser o cachorrinho do sim. Eu ainda tenho muita necessidade de agradar as pessoas, porém não fico calada com o que eu acho que não está certo.

Continuo ser PRETA E GORDA (mesmo que um pouco menor), porém com consciência dos meus direitos, dos meus deveres e do que deve ser feito e o que deve ser feito. Tudo nessa vida tem um limite e eu cheguei ao meu há tempos. 

sábado, 29 de março de 2014

Esse texto foi enviado para a página Preta&Gorda no dia 14 de setembro de 2013. Sou preta e gorda, então me sinto parte desta página.

Achei interessante postar aqui no Blog. :)


"E agora estou chorando, não é drama, não é TPM... É tristeza mesmo. Ontem vi o comercial da boticário e não me vi. Pensei comigo: tem que parar de dramatizar, Fran. Olha uma preta ali, e o rosto dela é desfocado... Ela tem o cabelo black power... É bem no finalzinho do comercial, é a última da fila, [se não me engano], a pele é bem clarinha...

Tenho postado coisas, falado com as pessoas, surpreendido o mundo.
Eu converso, mas me sinto contra o mundo. Contra todos os pensamentos da maioria.
Tenho uma "amiga" que ela é adequada às formas brancas e disse não gostar do cabelo duro, até aí tudo bem, beleza... Mas é uma pessoa dessas reforça o racismo. É uma pessoa dessas que não emprega alguém que esteja diferente do padrão, do modelo mental a ser seguido... Isso gerou uma pequena polêmica entre mim e ela, que me disse que eu deveria levar a vida de forma mais leve... Como? Furando meus olhos? Tapando meus ouvidos? Perdendo meus sentidos no que tange o racismo cru verbalizado em conversas de trabalho?




A discussão foi por conta de Gominho um rapaz que participa de um programa "real life" [esqueci o nome do programa, mas passa na record], então um colega de trabalho comentou que ele era uma bicha de cabelo de arapuá. Isso não reforça o racismo não? É um comentário bizarro, que eu sou obrigada a aceitar? Até aí tudo bem. Postei o texto aqui e essa minha amiga disse que o cabelo do cara era arapuá mesmo.

E eu expliquei o reforço do racismo, e aí ela me aconselhou a levar a vida de forma leve.

Eu penso que estou cansada. Tenho 30 anos. Estou nova. E acho que esse mundo não é para mim. Tenho na minha mente onde todos podem fazer o que quiserem, mas sem desrespeitar o direito de quem vem, pois não teremos encontrões, não teremos brigas. Estou triste, pois o racismo existe e eu tento, falo, discuto, mas parece que estou nadando sozinha, contra um sentimento que só eu tenho. Contra algo que não existe, que somente está na minha cabeça... Aí me torno alguém contra o mundo inteiro, alguém mal amada, alguém que precisa brigar o tempo inteiro, alguém que não está pronta para viver com opiniões divergentes no que tange ao ser negro.

E hoje, meu choro começou quando vi o texto relacionado à Empresa Boticário, que vi o comercial ontem, conforme contei acima. Onde nós aparecemos com o rosto desfocado. E eu? Ah. Pareço uma louca. Eu vejo a surpresa quando estou no elevador e tiro a chave do carro da bolsa. Não, isso não é mania de perseguição. Isso eu vejo diariamente.

É um estresse diário ser negro, mostrar-se a favor da sua negritude, ser relax com seu corpo, ser feliz com seu modo de ser, contudo acho que estou me indispondo mais com as pessoas, por conta desses episódios cotidianos e corriqueiros."

sexta-feira, 28 de março de 2014

De volta!

Agora estou mais animada do que ontem! Graças a Deus! Agora decisão tomada e agora só me resta cumprir.

Bom, eu voltei para o Blog por causa do incentivo da amiga da minha irmã que me escreveu uma carta, eu ainda vou responder, mas enquanto esse dia não chega, eu estou por aqui voltando atividades que me fazem bem:

Contar estórias, falar sobre comportamento, moda, livros, filmes, o que der para falar.

Esse fim de semana pretendo faxinar, deixar meu closet limpo, tirar a poeira, doar roupas, lavar roupas e depois vou programar para colocar algumas fotos, de alguns looks meus e outros que aprovo e/ou gostaria de fazer.

Alguém aí tem telefone de tinturaria bacana em Salvador?
 

:)