Não
importa como, mas você cresce.
Um dia
fui uma pessoa tão indefesa. Eu não sabia responder a um ataque. Sempre fui
obesa e não sabia mesmo me defender. Já sofri preconceitos em todos os
tipos de lugares. Já me jogaram folhas quando eu estava no ponto de
ônibus.
Em um
determinado momento achava até que eu merecia certos tipos de ataques, ofensas
e coisas do tipo, afinal EU ERA PRETA E GORDA e as pessoas não eram obrigadas a
me aceitar, a me tratar bem, pelo meu tom de pele, pelo meu peso.
Aos
dezesseis muita coisa mudou, fiquei impetuosa, então não engolia sapo e isso
foi um problema, pois não podia ouvir nada que rebatia, contudo, algumas
pessoas que faziam parte do meu cotidiano ainda faziam isso. Me humilhavam, me
vilipendiavam, mas minha irmã Fernanda
sempre me defendeu na escola, me chamavam de feia, de gorda e ela
estava lá para agir como irmã e defender mesmo.
Depois
que cresci virei aqueles cachorrinhos de camelô, aqueles que dizem sim para
tudo... Sabe? Então, para ser aceita descobri uma fabulosa fórmula: Ser
disponível a quaisquer programas impostas. E não podia dizer não aos convites,
pois na minha cabeça, que dizia: se disser não, você vai parar de ser
convidada.
Já fui
para shows sem vontade, cinema sem querer assistir aquele filme e outras
coisas, porém não era culpa dessas pessoas e sim minha, estava na minha mão
dizer sim ou não e eu sempre dizia sim.
Eu
cresci, estudei e melhorei meus argumentos (que tenho muito que ler para
argumentar de forma justa), melhorar meus argumentos,
ser menos agressiva. Só que quando alguns seguem uma conversa em tom mais
acalorado, você também se sente no direito de ficar no mesmo tom e é
extremamente difícil ficar calado quando há injustiça contra mim, ou contra
qualquer outra pessoa.
O
Objetivo deste pequeno texto é dizer que hoje as pessoas se assustam comigo, se
fazem de vítima, pois além de ser impetuosa, eu sou também o tipo de pessoa que
não aceita de julgamentos antecipados e era conveniente para essas pessoas que eu
continuasse a ser o cachorrinho do sim. Eu ainda tenho muita necessidade de
agradar as pessoas, porém não fico calada com o que eu acho que não está certo.
Continuo ser PRETA E GORDA (mesmo que um pouco menor), porém com consciência dos meus direitos, dos meus deveres e do que deve ser feito e o que deve ser feito. Tudo nessa vida tem um limite e eu cheguei ao meu há tempos.